L.A. New Mainstream
L.A. New Mainstream
CD Sintoma 2013

Lars Arens (trb, dir)
Desidério Lázaro (s)
Daniel Bernardes (p)
André Santos (g)
António Quintino (ctb)
Joel Silva (bat)

Lars Arens é um dos mais conceituados músicos da cena nacional. Alemão radicado em Portugal, tem desde há mais de dez anos espalhado a sua actividade como trombonista, compositor, aranjador e líder de vários projectos, entre os quais a Tora Tora Big Band e o L.A. New Mainstream (que sucede ao L.A.Mainstream) que agora edita o primeiro disco para a Sintoma Records.
Lars Arens combina um conhecimento que deve muito a Bob Brookmeyer na arquitectura das composições e dos arranjos, mas os seus interesses e conhecimentos são vastos o necessário para não se fixarem num estilo ou numa forma, se bem que seja reconhecível nele uma concepção que é sempre bastante orquestral. Se há algo que defina Lars Arens, é uma preocupação com o detalhe que nunca desperdiça um músico ou um momento. Não há momentos mortos na sua música, nem irrelevantes. Nada se deve ao acaso ou ao aleatório, mesmo na escolha dos músicos.
Sem a exuberância e o colorido que a dimensão da Tora Tora autorizava, Lars Arens escreveu para o sexteto que compõe o novo L.A. Mainstream uma mão cheia de boas composições, onde se destaca a pulsão rítmica que em muito deverá às ideias orquestrais experimentadas nas grandes formações groovy que Arens dirigiu, mas onde se denota a especial atenção para as texturas dirigidas para esta formação.

Jazz não propriamente mainstream, mas que não dá espaço para devaneios dissonantes, tem como seu maior atributo o que é simultânemente a maior fragilidade do trabalho: a escrita. Eficiente no entrosamento composição – arranjo, a escrita coarta por vezes a espontaneidade que é parte intrínseca da própria noção de Jazz, mesmo se é oferecido aos músicos espaço para solar. E o disco está cheio de bons solos, com Arens e Desidério Lázaro em evidência, suportados por uma secção rítmica eficiente.
Enfim, a característica mais evidente do disco é a sua solidez, a consistência na razão entre as composições, os arranjos e a improvisação, e notável pela juventude dos participantes. Só uma capacidade de liderança invulgar, ellingtoniana, de Arens, e um savoir faire que se expõe sem alarde, o autoriza a tirar proveito do melhor destes músicos, num trabalho que escorre fluido; um Jazz bem ritmado, estimulante.